O Deus que
Jesus revelou, além de único e absoluto, como o Deus dos Judeus, é também, como
este, vivo e pessoal. As características de uno e absoluto significam ausência
das contradições a que estamos nós sujeitos. Mas, é vivo, e não estático, de
modo que se faz perceber por nós de diferentes formas. Assim se apresenta nas
três pessoas que reconhecemos.
Não é um Deus
que pôs o Mundo em movimento e se afastou, mas, um Deus que, embora separado da
sua criação, se relaciona com os homens em um diálogo permanente, em que nos
fala e nos ouve. Sua presença mais próxima é pela vida de Jesus, o qual é
personificação verdadeira e integral de Deus. Porque esse Deus é simplesmente
Amor.
O Pai,
criador compassivo, devotado ao bem de cada uma das suas criaturas é outra
personificação do Amor absoluto. A terceira pessoa de Deus que podemos conhecer
é o Espírito, que Jesus deixou aos seus discípulos e lhes permite ultrapassar
os limites da sua natureza quando amam seguindo o exemplo de Jesus. O Espírito
em cada um de nós é Deus vivo como Jesus e o Pai.
Cristo ressuscitou e sua Cruz separa do mundo
os discípulos que se tornam como Ele Filhos de Deus enquanto possuidores do seu
amor. O que não nos impede de nos separarmos de Deus, cada vez que recaímos nos
hábitos antigos. Quando esquecemos da nossa fé no amor de Deus, quando
desesperamos da vida eterna, quando desistimos de nossos irmãos, caímos de
volta na nossa condição natural de criaturas caminhando à toa.
Essa divisão
interna caracteriza o cristão. Ora somos parte do Deus Eterno, ora somos pó que
desvanece. É a mesma divisão que há entre a Terra e o Céu, entre o natural e o
sobrenatural. Ainda que fugidio, cada momento em que participamos do amor
divino nos coloca na eternidade. Enquanto tudo mais se esvai, esses momentos constituem
nosso crescimento no Absoluto, nossa participação na vida divina, a construção
da nossa pessoa de Filho de Deus.
A experiência
da dor que nos atinge, dos erros que cometemos, da maldade que nossos
semelhantes nos fazem, nunca autorizariam a fé em um Deus Pai, de amor mais
forte que qualquer oposição. Jesus Cristo, entretanto, anuncia esse Pai com uma
confiança que o leva a enfrentar a morte na cruz para convencer-nos dela. Seus
amigos, de fato, recebem do seu sacrifício a certeza desse amor, a esperança de
mais amor, a vontade de comunicar a todos a maravilha desse amor.
A
presença do sobrenatural em nós é um mistério, o mistério da fé. O sobrenatural
se faz presente dentro de nós, pela graça da fé. O mistério da felicidade
eterna em nós consiste em recebermos uma capacidade de perdoar, esperar e amar
de Jesus, ainda que tudo que objetivamente nos acometa peça condenação, medo e
raiva.
A
verdadeira fé cristã é a certeza que a Cruz traz e prevalece contra qualquer
evidência, de que Deus nos ama, de que há um amor absoluto como uma luz que
dissolve toda treva. Quando esse amor nos atinge, torna amáveis as fraquezas,
os percalços, os inimigos.
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