quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

O Mistério da Fé


O Deus que Jesus revelou, além de único e absoluto, como o Deus dos Judeus, é também, como este, vivo e pessoal. As características de uno e absoluto significam ausência das contradições a que estamos nós sujeitos. Mas, é vivo, e não estático, de modo que se faz perceber por nós de diferentes formas. Assim se apresenta nas três pessoas que reconhecemos.
Não é um Deus que pôs o Mundo em movimento e se afastou, mas, um Deus que, embora separado da sua criação, se relaciona com os homens em um diálogo permanente, em que nos fala e nos ouve. Sua presença mais próxima é pela vida de Jesus, o qual é personificação verdadeira e integral de Deus. Porque esse Deus é simplesmente Amor.
O Pai, criador compassivo, devotado ao bem de cada uma das suas criaturas é outra personificação do Amor absoluto. A terceira pessoa de Deus que podemos conhecer é o Espírito, que Jesus deixou aos seus discípulos e lhes permite ultrapassar os limites da sua natureza quando amam seguindo o exemplo de Jesus. O Espírito em cada um de nós é Deus vivo como Jesus e o Pai.
 Cristo ressuscitou e sua Cruz separa do mundo os discípulos que se tornam como Ele Filhos de Deus enquanto possuidores do seu amor. O que não nos impede de nos separarmos de Deus, cada vez que recaímos nos hábitos antigos. Quando esquecemos da nossa fé no amor de Deus, quando desesperamos da vida eterna, quando desistimos de nossos irmãos, caímos de volta na nossa condição natural de criaturas caminhando à toa.
Essa divisão interna caracteriza o cristão. Ora somos parte do Deus Eterno, ora somos pó que desvanece. É a mesma divisão que há entre a Terra e o Céu, entre o natural e o sobrenatural. Ainda que fugidio, cada momento em que participamos do amor divino nos coloca na eternidade. Enquanto tudo mais se esvai, esses momentos constituem nosso crescimento no Absoluto, nossa participação na vida divina, a construção da nossa pessoa de Filho de Deus.
A experiência da dor que nos atinge, dos erros que cometemos, da maldade que nossos semelhantes nos fazem, nunca autorizariam a fé em um Deus Pai, de amor mais forte que qualquer oposição. Jesus Cristo, entretanto, anuncia esse Pai com uma confiança que o leva a enfrentar a morte na cruz para convencer-nos dela. Seus amigos, de fato, recebem do seu sacrifício a certeza desse amor, a esperança de mais amor, a vontade de comunicar a todos a maravilha desse amor.
A presença do sobrenatural em nós é um mistério, o mistério da fé. O sobrenatural se faz presente dentro de nós, pela graça da fé. O mistério da felicidade eterna em nós consiste em recebermos uma capacidade de perdoar, esperar e amar de Jesus, ainda que tudo que objetivamente nos acometa peça condenação, medo e raiva.
A verdadeira fé cristã é a certeza que a Cruz traz e prevalece contra qualquer evidência, de que Deus nos ama, de que há um amor absoluto como uma luz que dissolve toda treva. Quando esse amor nos atinge, torna amáveis as fraquezas, os percalços, os inimigos.

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