domingo, 16 de dezembro de 2012

O Bordado de Luz


A História da Salvação se realiza como uma tapeçaria em que somos novelos de linha do lado de baixo da tela em que vamos sendo fixados por laçadas para o lado de cima. Cada ato de amor é um ponto. Enquanto estamos do lado de baixo só vislumbramos a obra que se produz do lado de cima quando somos lançados para esse lado. Então, percebemos a sua beleza, mas, de forma rápida e incompleta. Quando o bordado chegar ao fim, da posição que nos couber do lado de cima poderemos apreciar toda a obra.
O artesão é o Pai, o material é o espírito do amor em nós e a agulha que nos pega e alça através da tela é Cristo.
Para nos alcançar, Cristo tem de ser um homem como nós. Mas, para nos conduzir ao outro lado, tem de ter uma origem divina. Esta questão, da divindade de Jesus, exigiu, séculos atrás o pronunciamento de bispos em um Concílio e tentar explicar mais como um homem pode ser Deus e como Deus pode ter natureza humana é candidatar-se a herege.
Entretanto, podemos ver como um homem cheio de amor é capaz de encher outros homens de amor. Podemos seguir Jesus na sua pregação, no seu caminho até o Calvário, na sua ressurreição.
Estamos do lado humano e só atravessamos momentaneamente para o lado divino ao realizarmos uma contribuição para a salvação dos homens. Voltamos logo ao nosso lado escuro, contraditório, inconsistente. E aqui ficamos até sermos alçados a nova contribuição. Mas, a cada passagem ao outro lado, a cada contribuição para o trabalho do amor, voltamos mais fortes em sabedoria, confiança e caridade, pois cada visão da obra que se constrói nos fortalece.
Esta metáfora da tapeçaria, que já li em mais de um lugar, é uma versão para a era industrial da parábola da vinha da verdade. A parreira é Cristo e os parrachos, os cristãos. Damos fruto quando amamos. Dar fruto é corresponder ao cuidado do Pai.
Quanto  mais unidos a Jesus, tanto mais vivos, tanto mais presença em nós do Espírito da Luz.

Nenhum comentário:

Postar um comentário