A História da Salvação se realiza como uma tapeçaria em que
somos novelos de linha do lado de baixo da tela em que vamos sendo fixados por
laçadas para o lado de cima. Cada ato de amor é um ponto. Enquanto estamos do
lado de baixo só vislumbramos a obra que se produz do lado de cima quando somos
lançados para esse lado. Então, percebemos a sua beleza, mas, de forma rápida e
incompleta. Quando o bordado chegar ao fim, da posição que nos couber do lado
de cima poderemos apreciar toda a obra.
O artesão é o Pai, o material é o espírito do amor em nós e
a agulha que nos pega e alça através da tela é Cristo.
Para nos alcançar, Cristo tem de ser um homem como nós. Mas,
para nos conduzir ao outro lado, tem de ter uma origem divina. Esta questão, da
divindade de Jesus, exigiu, séculos atrás o pronunciamento de bispos em um
Concílio e tentar explicar mais como um homem pode ser Deus e como Deus pode
ter natureza humana é candidatar-se a herege.
Entretanto, podemos ver como um homem cheio de amor é capaz
de encher outros homens de amor. Podemos seguir Jesus na sua pregação, no seu
caminho até o Calvário, na sua ressurreição.
Estamos do lado humano e só atravessamos momentaneamente
para o lado divino ao realizarmos uma contribuição para a salvação dos homens.
Voltamos logo ao nosso lado escuro, contraditório, inconsistente. E aqui
ficamos até sermos alçados a nova contribuição. Mas, a cada passagem ao outro
lado, a cada contribuição para o trabalho do amor, voltamos mais fortes em
sabedoria, confiança e caridade, pois cada visão da obra que se constrói nos
fortalece.
Esta metáfora da tapeçaria, que já li em mais de um lugar, é
uma versão para a era industrial da parábola da vinha da verdade. A parreira é
Cristo e os parrachos, os cristãos. Damos fruto quando amamos. Dar fruto é
corresponder ao cuidado do Pai.
Quanto mais unidos a
Jesus, tanto mais vivos, tanto mais presença em nós do Espírito da Luz.
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