Um amigo me disse que foge de Jesus
Cristo por não se julgar capaz de viver como cristão. Não é só pela vergonha,
que sentiria ao dar um passo à frente e depois não se sentir capaz de
sustentá-lo. É pelo medo da dor que, na sua maneira de ver, é o laurel com que
são coroados os que decidem seguir a Jesus. Ele vê Cristo como um segundo Jó e
o seguidor de Cristo como um candidato a mártir. Sua percepção é que o caminho
que Cristo traçou consiste em carregar uma cruz pesada sem a qual não se conquista a recompensa da vida eterna.
Eu também já pensei assim. Mas, Jesus não é um segundo Jó. A paciência
de Jó é apenas um pedaço da fidelidade de Jesus. Ainda falta a Jó o
conhecimento do amor de Deus Pai que só com Jesus veio a ser plenamente
revelado. A história de Jó mostra que o sofrimento não é pagamento da culpa.
Jesus revela mais, que o sofrimento e mesmo a culpa fazem parte de um plano de
um Deus que nos quer dar um bem muito maior que todo mal, um bem que não é
retribuição de nenhum esforço extraordinário, mas a simples consequência de aproveitarmos a vida que recebemos para nos aproximarmos dEle.
Quando essa aproximação inclui etapas
de sacrifício e martírio, qualquer que seja seu custo é suportado com alegria.
O exemplo de Paulo é claro. Ele relata as dores, contradições, fracassos que
enfrenta. Mas não deixa de narrar sua satisfação e de nos lembrar:
regozijai-vos sempre!1...
Jesus revela um Deus que está presente
neste mundo, todo tempo, como um pai amoroso cuidando de Suas criancinhas e
patrocinando, de múltiplas maneiras, a transformação de todo ser humano em
Seu herdeiro pleno, apto a levar adiante a luta dEle e regozijar-se com as vitórias dELe. Há seres vivos que
não podem alcançar Jesus e que Jesus alcança com sua misericórdia. Devemos empregar
nossa vida nesse mundo, com Jesus, para que sofram menos e sejam mais felizes.
Mas, nós, que O recebemos e com Ele nos tornamos Filhos de Deus, recebemos uma nova vida e uma felicidade eterna.
O cristão erra, sem culpa e sofre, sem
culpa. Pior que isso, é capaz de pecar às vezes, quando a alma doente opta por
se afastar do caminho que sabe ser a sua parte na construção do reino de Deus.
Mas, quando encontra a verdade, todo seu sofrimento se desfaz e, quando se
entrega ao amor, pode confiar que toda sua culpa é perdoada.
A história de Jó é de uma criatura que
quer obedecer a Deus e, ao reconhecer suas limitações, é recompensado. Nós,
agora, podemos eventualmente enfrentar as mesmas dificuldades de Jó com a mesma
fraqueza. Mas, encontramos ao nosso alcance consolo incomparável se nos alinhamos à vontade de Deus. O desígnio de Deus para nós não é o
sofrimento, mas, a sabedoria, o amor e a alegria. No mesmo mundo hostil, ao
contrário de Jó o cristão não recebe apenas uma recompensa futura. Ele recebe
aqui e agora, na companhia de Jesus, a filiação divina.
1 Filipenses, 2,
17/18, 3, 1 e 4,4, Romanos, 8, 15 e 14, 17, I Coríntios, 4, 13, II Coríntios,
6, 10, Gálatas, 6, 22, Efésios, 3, 13, Colossenses, 1, 11, I Tessalonicenses,
5, 16, II Tessalonicenses, 2, 16 e 17...
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