Toda a Criação espera,
ansiosa, a manifestação dos Filhos de Deus. O Príncipe dos Sacerdotes, o ladrão
crucificado, Barrabás absolvido. Eu.
O gato glutão, o cachorro
feroz, a serpente ardilosa, e eu no meio da rua. No minha pele de cordeiro, na
minha armadura de quatro rodas, na minha rota fora do mapa. O rato, a barata, a
mosca, o micróbio, a figueira estéril e eu, sob os lençóis. O centurião e o
soldado, o carpinteiro e o pescador, o mendigo e o doente, o professor
estudante.
Nada mais se cria, em nada
mais eu confio, mas, a Terra gira e todo o mundo espera que aconteça alguma
coisa. E, de repente um sopro agita o ar e tudo transforma. Respira um
menino, desperta um espírito.
O juiz, preocupado em
cortejar o rei, decreta: Permaneça tudo como está! Mas, o vento mudou e até nas
pedras do caminho brilha um novo sentido. Um menino nasceu para perdoar e amar.
E o amor começa a se
espalhar. Segue-o alguém que iam apedrejar. E mais alguns que ele salvou de
apedrejá-la. Mas, há os das pedras grandes, que lhe dizem: Não lamentes o meu
mau juízo... Lamenta antes a minha boa pontaria!
E ele os perdoa, tanto
quanto aos que admitem os próprios erros. E aos que, como eu, levo a vida
tentando corrigir os meus. Ele se levanta e eu lhe digo: Cuidado! E ele responde:
Não me detenhas, garoto!
Eu vejo o seu lado, ferido. E o seu sorriso. E, diante de nós,
magnífico, deslumbrante, indecifrável, o imenso, eterno, sempre novo trabalho
do Pai.
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